Google search engine
domingo, julho 13, 2025
Google search engine
InícioSociedadeTer filhos virou luxo no Brasil

Ter filhos virou luxo no Brasil

Com natalidade em queda e custo de vida em alta, o sonho da família tradicional se transforma em dilema emocional e financeiro no Brasil

No Brasil de hoje, uma pergunta simples carrega uma complexidade imensa: você teria filhos agora? O país vive uma queda acelerada na taxa de natalidade, ao mesmo tempo em que o custo de criar uma criança dispara. O que antes era um desejo comum, hoje se tornou uma decisão que exige planejamento extremo — e, em muitos casos, renúncia.

Segundo dados do IBGE, o Brasil registrou em 2022 o menor número de nascimentos em mais de quatro décadas. A taxa de fecundidade caiu de mais de 6 filhos por mulher nos anos 1960 para cerca de 1,7 atualmente — abaixo do nível de reposição populacional, que é de 2,1.

Mas a queda nos nascimentos não é apenas uma escolha cultural ou estilo de vida: é também uma questão de custo.

Criar um filho virou uma tarefa milionária
Um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) estima que o custo para criar um filho no Brasil até os 18 anos pode variar de R$ 239 mil, em famílias de baixa renda, até impressionantes R$ 3,6 milhões em lares de classe alta.
Mesmo para a classe média, os valores giram entre R$ 480 mil e R$ 1,2 milhão, considerando gastos com alimentação, saúde, moradia, transporte, lazer e, principalmente, educação.

Esses números não incluem custos com ensino superior, intercâmbios, cursos de idiomas ou gastos médicos imprevistos — que ampliam ainda mais o impacto no orçamento familiar.

Nos grandes centros urbanos, os desafios aumentam
Em cidades como São Paulo, Brasília e Goiânia, o custo com creches, escolas, planos de saúde e segurança pode ser até 30% mais alto do que nas cidades do interior. Não por acaso, muitos casais adiam ou desistem da ideia de ter filhos.


Entre o desejo e o possível

Além da questão financeira, há o peso emocional. Famílias que desejam filhos muitas vezes enfrentam um dilema: como equilibrar realização pessoal, estabilidade profissional e a carga intensa de responsabilidades parentais?

Modelos de vida como o DINC (“double income, no kids” — dois salários, sem filhos) vêm ganhando espaço. Ao mesmo tempo, cresce o número de casais com apenas um filho ou mesmo sem filhos, por escolha consciente. A maternidade, especialmente para as mulheres, deixou de ser uma expectativa social automática e passou a ser uma possibilidade que exige tempo, estrutura e saúde mental.

A pesquisadora Cristiane Costa, que acompanha as transformações socioculturais no Brasil, observa:
“A decisão de ter filhos hoje envolve cálculo, emoção e contexto. Para muitas famílias, não é uma recusa ao afeto, mas uma resposta ao país em que vivemos.”


Uma mudança que afeta o futuro

A queda da natalidade tem efeitos profundos e silenciosos. A longo prazo, impacta a sustentabilidade da previdência, a força de trabalho e a demanda por serviços públicos. O Brasil, como outras nações que enfrentaram esse fenômeno, precisará repensar incentivos sociais, políticas de apoio à maternidade e educação pública de qualidade.

Enquanto isso, a pergunta segue ecoando: você teria filhos hoje? E a resposta, cada vez mais, não vem do coração — mas da planilha.

por GT Notícias – Goiás Tocantins Notícias

RELATED ARTICLES
spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

Most Popular

Recent Comments