Pesquisas mostram que os primeiros anos de vida são decisivos para o desenvolvimento humano, mas ainda há quem coloque o ensino superior como prioridade.
Quando se fala em sucesso profissional, muitos acreditam que o grande divisor de águas é a faculdade. No entanto, cada vez mais especialistas e pesquisas internacionais apontam para outro caminho: a educação infantil pode ter um impacto ainda maior e mais duradouro no futuro de uma pessoa.
A importância dos primeiros anos
A infância, especialmente até os 6 anos, é considerada a “fase de ouro” do desenvolvimento humano. É nesse período que o cérebro tem maior plasticidade, ou seja, capacidade de absorver estímulos e formar conexões neurais.
Habilidades fundamentais como linguagem, memória, raciocínio lógico, empatia, convivência em grupo e até autoestima são construídas nesse ciclo inicial. Se essas bases não são fortalecidas, lacunas podem acompanhar a criança durante toda a vida escolar e profissional.
Dados que reforçam a prioridade
A UNESCO estima que cada dólar investido em educação infantil pode gerar até sete vezes mais retorno social e econômico do que recursos aplicados apenas em etapas posteriores, como o ensino médio ou a universidade.
Um estudo do economista James Heckman, prêmio Nobel, também aponta que o retorno do investimento em educação de qualidade na primeira infância é o mais alto entre todas as fases do ensino. Segundo ele, priorizar essa etapa significa reduzir desigualdades e preparar cidadãos mais criativos, saudáveis e produtivos.
O papel da faculdade
Isso não significa desvalorizar o ensino superior. A universidade é crucial para a formação profissional, para a ciência e para o desenvolvimento de novas tecnologias. Ela abre portas para carreiras especializadas e proporciona mobilidade social.
Mas, se um estudante chega ao ensino superior sem uma base sólida da educação infantil e fundamental, as chances de evasão, baixo rendimento e até frustração aumentam consideravelmente. Nesse sentido, a faculdade sozinha não corrige as falhas da formação inicial.
Educação como política pública
No Brasil, os desafios ainda são enormes. Muitas famílias não têm acesso a creches e pré-escolas de qualidade. A falta de investimento nessa fase, além de prejudicar o desenvolvimento das crianças, também afeta a vida das mães, que muitas vezes precisam abrir mão do trabalho pela ausência de vagas.
Políticas públicas que priorizem a educação infantil podem transformar toda a estrutura social de um país, reduzindo desigualdade, violência e até problemas de saúde a longo prazo.
Reflexão necessária
Faculdade ou educação infantil? A resposta não precisa ser excludente. O ensino superior é importante, mas sem a base construída nos primeiros anos, ele perde parte do seu poder transformador. Apostar na infância é garantir que os jovens cheguem mais preparados e seguros às etapas futuras.