Setor cafeeiro pode ter que redirecionar parte da produção para outros mercados, segundo USP
A partir do próximo 6 de agosto, o café brasileiro vendido aos Estados Unidos passará a ser taxado em 50%, o que deve impactar fortemente um dos setores mais tradicionais da economia nacional. O alerta vem de pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), que preveem necessidade urgente de adaptação por parte dos produtores.
O Brasil é o maior exportador de café do mundo e tem nos EUA seu principal comprador: em 2024, cerca de 23% das exportações brasileiras do grão foram destinadas ao mercado norte-americano, principalmente da variedade arábica, muito usada na indústria local de torrefação.
Segundo o Cepea, a nova tarifa pode obrigar produtores e exportadores brasileiros a redirecionar parte da produção para outros países, o que exigirá agilidade logística e novas estratégias comerciais para evitar prejuízos à cadeia produtiva.
“A eventual entrada em vigor da tarifa tende a impactar não apenas a competitividade do café nacional, mas também os preços ao consumidor norte-americano e a formulação dos blends tradicionais, que utilizam grãos brasileiros como base sensorial e de equilíbrio”, avaliou o centro de pesquisas.
Os Estados Unidos não produzem café e dependem totalmente da importação para abastecer torrefadoras, cafeterias e redes de varejo. Além do Brasil, os principais fornecedores são Colômbia (17% das importações americanas) e Vietnã (4%).
A decisão foi anunciada pelo presidente Donald Trump, que oficializou uma lista de produtos brasileiros que receberão a nova taxação. Cerca de 700 itens ficaram de fora — como suco de laranja, combustíveis, fertilizantes e aeronaves civis —, mas o café não foi incluído. O Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé) informou que continuará as tratativas para tentar reverter a medida.
