Entenda como a parentificação, fenômeno pouco conhecido fora dos consultórios, impacta profundamente a identidade e os relacionamentos na vida adulta.
Parentificação é o nome dado à inversão de papéis entre pais e filhos, quando uma criança é obrigada a assumir responsabilidades que caberiam aos adultos. Criado pelo psiquiatra húngaro Ivan Böszörményi-Nagy, o termo descreve uma dinâmica em que a criança se torna cuidadora — emocional ou prática — dentro da família, sendo constantemente sobrecarregada.
Essa carga precoce, especialmente quando envolve o cuidado diário de irmãos mais novos, pode deixar marcas profundas. Não se trata de ajudar ocasionalmente em casa, mas sim de viver uma infância centrada na responsabilidade pelo bem-estar dos outros. Com o tempo, essa função se integra à identidade da criança e molda comportamentos que se repetem na vida adulta.
Veja sete sinais típicos de adultos que foram crianças parentificadas:
1. Você assume o papel de cuidador em todos os seus relacionamentos
Mesmo quando ninguém pede, você tenta resolver os problemas dos outros. Isso ocorre porque, na infância, cuidar dos irmãos mantinha a estabilidade da família — e esse padrão virou parte de quem você é.
2. Você sente que precisa ser “útil” o tempo todo
Sua identidade foi construída em torno de servir aos outros. Fora desse papel, você pode se sentir perdido, inseguro ou até sem valor.
3. Você tem dificuldades nos relacionamentos afetivos
A falta de apoio emocional na infância pode ter gerado um apego inseguro. Medo de abandono, vínculos desequilibrados e relações codependentes são comuns em quem viveu essa inversão de papéis.
4. Você reprime emoções e tem dificuldade em estabelecer limites
Sem espaço para sentir, você aprendeu a silenciar suas emoções. Hoje, talvez você nem saiba como expressá-las — ou como proteger sua própria saúde emocional.
5. Você tem empatia em excesso e se adapta demais
Crescer cuidando dos outros aguça a sensibilidade, mas também pode levar ao autoabandono. Quando o foco é sempre o outro, suas necessidades ficam esquecidas.
6. Você sente culpa ao se priorizar
Você aprendeu que seu valor está no quanto você se doa. Por isso, pode sentir culpa ao dizer “não”, mesmo quando se trata de cuidar de si.
7. Você vive exausto
O excesso de responsabilidades desde cedo cobra um preço. A exaustão emocional constante pode afetar sua saúde física e mental — e aumentar o risco de transtornos como ansiedade, depressão e burnout.
Como escreveu o psicólogo John Bowlby, “a qualidade do cuidado que uma criança recebe nos primeiros anos é de vital importância para sua saúde mental futura”. Por isso, reconhecer esses padrões não é sobre culpa — é sobre cura. Buscar ajuda profissional é um passo essencial para, enfim, permitir-se ser cuidado.
por GT Notícias – Goiás Tocantins Notícias