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terça-feira, dezembro 30, 2025
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Vacina contra a dengue do Butantan começa a ser ofertada pelo SUS a partir de 2026

Imunizante 100% nacional, de dose única, terá distribuição gradual e prioridade para profissionais da Atenção Primária e adultos mais velhos

O Brasil está prestes a dar um passo histórico no combate à dengue. A nova vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan, com produção totalmente nacional e aplicação em dose única, começará a ser ofertada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de 2026, conforme estratégia definida pelo Ministério da Saúde.

O anúncio foi feito pelo ministro Alexandre Padilha, que confirmou que as primeiras 1,3 milhão de doses já fabricadas serão destinadas, prioritariamente, aos profissionais da Atenção Primária à Saúde — como agentes comunitários, agentes de endemias, enfermeiros, técnicos e médicos que atuam nas Unidades Básicas de Saúde e realizam visitas domiciliares.

Segundo o Ministério da Saúde, a previsão é que esse primeiro lote esteja disponível até o fim de janeiro de 2026.

Proteção começa por quem está na linha de frente

De acordo com Padilha, a decisão leva em conta o papel estratégico da Atenção Primária no enfrentamento da dengue.
“São esses profissionais que fazem o primeiro atendimento, orientam a população e lidam diariamente com os casos da doença. Proteger esse grupo é essencial para fortalecer a resposta do SUS”, afirmou o ministro.

Com o aumento gradual da produção, a vacinação será ampliada ao público geral. O plano prevê início pelos adultos mais velhos, a partir dos 59 anos, com expansão progressiva para faixas etárias mais jovens, até alcançar pessoas de 15 anos de idade.

Parceria internacional e produção em larga escala

A ampliação da produção será viabilizada por meio de uma parceria com a empresa chinesa WuXi Vaccines, que firmou acordo de transferência de tecnologia com o Instituto Butantan. Apesar da cooperação internacional, a inovação pertence ao Brasil, reforçando a política nacional de desenvolvimento de imunobiológicos.

A definição do público prioritário foi baseada em critérios técnicos e no perfil epidemiológico do país, após análise da Câmara Técnica de Assessoramento de Imunização (CTAI), composta por especialistas da área.

Botucatu será campo de avaliação da vacina

Parte das doses prontas será utilizada em uma estratégia específica no município de Botucatu (SP), que servirá como campo de avaliação intensificada da efetividade da vacina. A cidade receberá vacinação acelerada da população entre 15 e 59 anos, permitindo analisar o impacto direto do imunizante na dinâmica da dengue.

A expectativa é que, com uma adesão entre 40% e 50% da população dessa faixa etária, haja um impacto significativo no controle da doença. Outras cidades com predominância do sorotipo DENV-3 também estão sendo avaliadas para integrar essa estratégia.

Vacina é segura, eficaz e aprovada pela Anvisa

A Anvisa concedeu o registro da vacina após análise dos estudos clínicos, que apontam:

  • 74,7% de eficácia contra dengue sintomática em pessoas de 12 a 59 anos
  • 89% de proteção contra formas graves e com sinais de alarme

Atualmente, o SUS já oferece outra vacina contra a dengue, de um laboratório japonês, aplicada em duas doses, destinada a adolescentes de 10 a 14 anos. Desde 2024, mais de 7,4 milhões de doses desse imunizante já foram aplicadas no país.

Investimentos bilionários e avanço científico

O Ministério da Saúde investe mais de R$ 10 bilhões por ano no Instituto Butantan — valor que pode ultrapassar R$ 15 bilhões com a aquisição da nova vacina. O desenvolvimento também contou com R$ 130 milhões do BNDES e mais R$ 1,2 bilhão previstos no Novo PAC Saúde para ampliar a capacidade produtiva.

A vacina protege contra os quatro sorotipos do vírus da dengue em uma única dose, representando um avanço científico com potencial de transformar o enfrentamento da doença no Brasil.

Prevenção continua sendo fundamental

Apesar da redução de 75% nos casos e 80% nos óbitos por dengue em relação a 2024, o Ministério da Saúde reforça que a prevenção segue essencial. A campanha nacional “Não dê chance para dengue, zika e chikungunya” continua em andamento.

Entre as principais recomendações estão:

  • Eliminar recipientes que acumulam água
  • Manter caixas d’água bem vedadas
  • Limpar calhas, ralos e lajes
  • Usar telas e repelentes em áreas de risco
  • Apoiar as ações dos agentes de saúde

O enfrentamento da dengue exige ação conjunta entre poder público e sociedade.

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