Pesquisa global revela que ansiedade, depressão ou estresse paternos podem impactar aspectos cognitivos, socioemocionais e físicos das crianças
Por muito tempo, o foco das pesquisas sobre desenvolvimento infantil esteve sobre as mães. No entanto, um novo estudo publicado na revista JAMA Pediatrics destaca o papel fundamental da saúde mental dos pais — especialmente no período da gestação até os dois primeiros anos de vida da criança — no desenvolvimento físico, emocional e cognitivo dos filhos.
Segundo os pesquisadores, sintomas de depressão, ansiedade ou estresse vivenciados pelos pais estão associados, mesmo que de forma leve, a resultados abaixo do ideal em áreas como linguagem, cognição, crescimento físico e habilidades socioemocionais. O impacto é mais intenso no período perinatal (da concepção até dois anos após o parto), uma fase de alta sensibilidade para o bebê.
A revisão analisou 84 estudos com milhares de pares pai-filho e excluiu casos com histórico de consumo de substâncias ou doenças clínicas. A angústia mental pós-natal apresentou maior influência do que a pré-concepção, sugerindo que a convivência direta e o vínculo diário afetam significativamente a criança.
Além disso, os especialistas alertam que o bem-estar emocional dos pais pode afetar sua sensibilidade, disponibilidade e forma de interagir com os filhos, elementos essenciais para vínculos seguros e saudáveis. No entanto, os autores do estudo também destacam que o problema não pode ser isolado das pressões sociais: pobreza, racismo estrutural e desigualdades são fatores que também afetam a saúde de toda a família.
A pesquisa reforça a importância de incluir os pais nas políticas de saúde perinatal, oferecendo suporte emocional desde a gestação. Buscar ajuda, conversar com profissionais e acessar grupos de apoio não são sinais de fraqueza, mas atitudes de força e cuidado com o futuro dos filhos.
por GT Notícias – Goiás Tocantins Notícias