Estudos mostram que normas universais de desenvolvimento infantil ignoram contextos culturais, sociais e individuais.
Quando dizemos que uma criança está “adiantada” ou “atrasada” em algo, muitas vezes fazemos isso com base em uma ideia de desenvolvimento infantil considerado “normal”. Mas será que essa ideia é realmente justa e universal?
Pesquisadores vêm alertando que muitos estudos sobre desenvolvimento infantil foram construídos com base em crianças de países ricos e ocidentais, como Estados Unidos, Reino Unido, Holanda e Alemanha. Essas populações acabaram sendo tomadas como parâmetro global, o que pode gerar distorções na forma como entendemos a infância em outras partes do mundo, incluindo o Brasil.
Normas nem sempre universais
Gráficos de marcos do desenvolvimento – como a idade em que uma criança deve sentar, engatinhar ou andar – são populares entre pais e professores. Eles passam a impressão de que há um cronograma biológico rígido. Mas na prática, essas normas foram criadas com base em contextos específicos e não refletem a diversidade global.
Por exemplo: em regiões da Jamaica, onde os bebês recebem massagens firmes regularmente, o desenvolvimento motor tende a acontecer mais cedo. Isso mostra que ambientes e práticas culturais influenciam diretamente o ritmo de desenvolvimento.
Cultura e contexto importam
Além das diferenças físicas e ambientais (como clima, localização e acesso a espaços abertos), outros fatores como estilos de criação, crenças familiares, alimentação, e até as próprias características da criança, como timidez, curiosidade e neurodivergências, moldam a forma como ela se desenvolve.
Mesmo em áreas como linguagem ou socialização, os valores culturais impactam o que se considera apropriado em determinada idade.
Ouvindo quem vive a realidade
Mais do que apenas comparar dados entre culturas, os especialistas defendem que é preciso envolver as comunidades locais nas pesquisas. Ouvir cuidadores, educadores e as próprias famílias ajuda a construir um entendimento mais justo e representativo da infância.
Isso significa reconhecer que não existe um único caminho para o desenvolvimento saudável, e que o papel dos adultos é apoiar cada criança respeitando sua história, seu ritmo e sua realidade.
Oportunidade de transformação
Se educadores e cuidadores compreenderem que o desenvolvimento infantil não segue uma regra fixa, podem também perceber que é possível influenciar positivamente esse processo. Estimular brincadeiras, incentivar o diálogo, respeitar os tempos e ritmos individuais e criar um ambiente acolhedor são atitudes que fazem toda a diferença.
Revisitar o que consideramos “normal” é o primeiro passo para uma infância mais inclusiva, culturalmente sensível e verdadeiramente humana.
por GT Notícias – Goiás Tocantins Notícias