Novo padrão da televisão aberta promete unir sinal gratuito, interatividade digital e serviços públicos em uma única experiência
A televisão aberta brasileira está prestes a passar pela maior transformação desde a chegada do sinal digital, em 2007. A partir do primeiro semestre de 2026, começa a implantação da chamada TV 3.0, um novo padrão tecnológico que mantém a gratuidade do sinal, mas incorpora recursos típicos da internet, como interatividade, personalização de conteúdo e acesso direto a serviços digitais.
Na prática, o telespectador continuará assistindo à TV por meio da antena, mas a experiência será mais próxima da navegação em plataformas on-line, sem abandonar o modelo tradicional que faz parte do cotidiano de milhões de brasileiros.
Uma TV que integra canais, aplicativos e interatividade
A principal mudança da TV 3.0 está na integração de conteúdos. Em vez de alternar entre canais abertos, aplicativos e plataformas isoladas, tudo passa a coexistir em um único ambiente. A navegação será feita de forma simples, pelo controle remoto, reunindo transmissão ao vivo, conteúdos sob demanda e aplicações digitais das próprias emissoras.
Segundo especialistas envolvidos no desenvolvimento do sistema, a proposta é transformar a TV em um ecossistema completo de informação e serviços. Além da integração, o novo padrão traz avanços técnicos importantes, como imagem em 4K, som imersivo e, no futuro, suporte a 8K, além de uma paleta de cores mais ampla e maior estabilidade de sinal.
O padrão brasileiro, conhecido como DTV+, foi desenvolvido ao longo de cerca de cinco anos, com a participação de mais de 100 pesquisadores e cientistas do país. Ele estabelece regras não apenas técnicas, mas também diretrizes sobre privacidade, acessibilidade e medição de audiência, criando um modelo que já desperta interesse internacional.
TV aberta continua gratuita — mas mais conectada
Um dos pontos centrais da TV 3.0 é a manutenção do caráter aberto e gratuito da radiodifusão. O sinal principal continuará chegando sem depender de internet, inclusive para transmissões essenciais, como alertas de emergência e informações públicas.
A conexão com a internet, quando disponível, funciona como um complemento. Ela permitirá recursos como:
- votações em tempo real;
- conteúdos extras e sob demanda;
- acessibilidade avançada (legendas inteligentes, múltiplos idiomas, audiodescrição);
- publicidade personalizada;
- compras e serviços acessados diretamente pela TV.
A implantação será gradual, começando pelas capitais e grandes centros, e pode se estender por até 15 anos. Para quem já possui televisores atuais, a adaptação deverá ser feita por meio de conversores, com preços iniciais estimados em torno de R$ 350, valor que tende a cair com a popularização da tecnologia.
Mais do que entretenimento: um novo papel social para a TV
Além de mudar a forma de assistir, a TV 3.0 amplia o papel público da televisão. Está prevista a criação de uma plataforma que reunirá canais da União, oferecendo programação ao vivo, conteúdos sob demanda e acesso a serviços de governo digital.
Para especialistas, esse ambiente compartilhado fortalece o acesso à informação confiável, combate a desinformação e cria novas formas de participação social, especialmente em regiões onde a internet ainda é limitada.
Com isso, a televisão volta a ocupar um espaço central na vida cotidiana, agora conectada a um futuro mais interativo, inclusivo e integrado, sem perder sua essência como meio democrático de comunicação.


