Estudante com autismo e altas habilidades desenvolveu raciocínio considerado raro até mesmo em ambientes universitários
Aos 11 anos, o estudante Rafael Kessler Ferreira, morador do Distrito Federal, vem chamando a atenção da comunidade acadêmica brasileira por um feito pouco comum mesmo entre pesquisadores experientes: a criação de uma fórmula matemática original. Diagnosticado com autismo e altas habilidades, Rafael demonstrou desde muito cedo uma relação singular com os números, preferindo cálculos e sequências matemáticas às brincadeiras tradicionais da infância.

Ainda na primeira infância, o garoto já escrevia longas sequências numéricas e se dedicava espontaneamente a resolver desafios lógicos. Com o tempo, esse interesse se transformou em um pensamento abstrato avançado, capaz de enxergar padrões e generalizações complexas.
A chamada “Fórmula Kessler” surgiu como resposta a um problema da Olimpíada Brasileira de Matemática. O método desenvolvido por Rafael permite calcular, de forma geral, estruturas quadriculadas de diferentes tamanhos, indo além de soluções pontuais. O raciocínio foi validado por meio de indução matemática e apresentado a dois doutores da Universidade de Brasília (UnB), que passaram horas ouvindo o menino explicar, com clareza e domínio conceitual, cada etapa do processo.

Segundo os especialistas, o nível de abstração, a capacidade de generalização e a coerência lógica demonstrados por Rafael são compatíveis com o que se espera de pesquisadores muito mais maduros. Mais do que chegar a um resultado correto, o estudante chamou atenção pela forma como construiu o caminho até a solução — um dos principais critérios para caracterizar a produção científica de alto nível.
O reconhecimento extrapolou o ambiente acadêmico. A descoberta foi formalizada em cartório e rendeu a Rafael uma moção de louvor da Câmara Legislativa do Distrito Federal. Agora, a fórmula deve ser submetida a revistas científicas especializadas e, caso validada formalmente, poderá integrar a literatura matemática internacional.
Mais do que um caso isolado, a trajetória do jovem matemático reacende debates fundamentais sobre identificação precoce de talentos, inclusão educacional e estímulo adequado a crianças com altas habilidades. A história de Rafael mostra que, quando há espaço, acolhimento e incentivo, o conhecimento pode florescer de onde menos se espera — inclusive na infância.


