Enquanto exportar para os EUA ficará 50% mais caro a partir de agosto, a China habilita 183 empresas brasileiras para ampliar a compra de café.
O café brasileiro é mais que uma bebida — é tradição, sustento e cultura. Em cada xícara, há o trabalho de agricultores que madrugam para colher grãos maduros, cooperativas que organizam a produção e cafeterias que transformam o grão em experiências únicas para quem aprecia seu aroma.
Mas o setor vive dias de contrastes: no mesmo dia em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, oficializou a tarifa de 50% sobre o café brasileiro a partir de 6 de agosto, a China anunciou que 183 novas empresas brasileiras estão habilitadas para exportar o produto para o país asiático.
EUA: maior comprador, agora mais caro
Os Estados Unidos são o principal destino do café brasileiro: em 2024, cerca de 23% das exportações foram para o mercado americano, especialmente da variedade arábica.
Somente nos primeiros seis meses de 2025, foram exportadas 3,3 milhões de sacas de 60 kg para o país.
Com a nova tarifa, produtores poderão ser obrigados a redirecionar parte da produção, demandando agilidade logística e novas estratégias comerciais.
China: oportunidade de expansão
Apesar de hoje ocupar apenas a 10ª posição entre os compradores de café do Brasil — com 529 mil sacas exportadas no primeiro semestre de 2025, volume 6,2 vezes menor que o vendido aos EUA —, a China apresenta potencial de crescimento expressivo.
O consumo per capita no país é de aproximadamente 6 xícaras por ano, segundo dados de mercado, muito abaixo da média global de 120 a 130 xícaras anuais.
Para efeito de comparação, países como Finlândia e Suécia chegam a consumir quase 1.000 xícaras por pessoa ao ano.
As importações líquidas de café pela China cresceram mais de 13 mil toneladas entre 2020 e 2024. A habilitação das novas empresas brasileiras para vender café ao país vale por cinco anos e reforça a estratégia de diversificar destinos e reduzir a dependência do mercado americano.
E o preço do café no Brasil?
Com a possibilidade de parte da produção ficar no mercado interno, alguns consumidores acreditam que o café pode ficar mais barato.
Especialistas, no entanto, alertam que essa queda, se acontecer, deve ser pontual e de curta duração.
“A tendência é que produtores busquem novos compradores internacionais e que os custos de produção, ainda elevados, impeçam quedas duradouras no preço”, explica o Cepea.
Além disso, fatores como clima, câmbio e demanda global continuam sendo determinantes na formação do preço final.