Criados por uma jovem artista nos Estados Unidos, os livros de Bobbie Goods conquistam o mundo ao misturar nostalgia, psicologia positiva e referências que lembram Van Gogh, Botticelli e Caravaggio.
Você já ouviu falar nos livros de colorir da Bobbie Goods? O nome pode soar novo para alguns, mas se você já viu nas redes sociais aquelas páginas encantadoras, repletas de ilustrações fofas, comidas aconchegantes, paisagens serenas e um estilo que parece saído de um sonho de infância, é bem provável que já tenha cruzado com a arte dessa jovem ilustradora norte-americana.
Mais do que uma moda, os livros Bobbie Goods se tornaram um fenômeno cultural e sensorial. A proposta vai além do simples passatempo: há uma atmosfera de cura emocional, escapismo leve e autocuidado por trás de cada traço.
Mas o que poucos percebem é que, por trás dessa simplicidade que conquista, há um trabalho de composição artística digno de grandes mestres da arte.
Estética inspirada na história da arte
Ao observar com atenção, as ilustrações de Bobbie Goods revelam traços que remetem a estilos artísticos de diferentes épocas. A delicadeza e o brilho nos olhos de seus personagens, por exemplo, lembram as figuras angelicais de Botticelli, mestre do Renascimento. As cenas do cotidiano ganham uma luz própria, quase divina, evocando o tenebrismo de Caravaggio, onde o contraste entre luz e sombra cria profundidade emocional. E há ainda toques de irreverência e cores chapadas que dialogam com o pop de Lichtenstein.
A escolha por representar ambientes confortáveis, comidas caseiras e animais carinhosos cria uma atmosfera de bem-estar próxima da proposta dos livros de autoajuda ilustrada. Mas há ali um cuidado com a composição que nos leva ao olhar contemplativo de um Van Gogh moderno, que não teme as cores vibrantes nem as emoções à flor da pele.
Por que esse sucesso?
O fenômeno também está ligado a um momento cultural. Em tempos de hiperconexão e excesso de telas, os livros de colorir da Bobbie se tornaram uma forma afetiva de desacelerar. Eles oferecem uma pausa do mundo digital, sem perder o encanto visual das redes. A artista, inclusive, compartilha vídeos com trilhas suaves e sons ASMR enquanto colore suas próprias criações — reforçando a sensação de acolhimento e calma.
Não é só nostalgia. É sobre cuidado, pausa, criatividade e uma estética que alimenta a alma. E talvez por isso os livros da Bobbie tenham virado ícones entre jovens adultos, terapeutas, fãs de cultura vintage e artistas iniciantes.