Espécie ameaçada de extinção foi identificada em sete grupos familiares e um indivíduo solitário após expedição por rios e lagos da região
O Parque Estadual do Cantão (PEC), no Tocantins, voltou a se destacar como uma área estratégica para a conservação da biodiversidade brasileira. Durante uma recente campanha de monitoramento ambiental, foram registradas 31 ariranhas (Pteronura brasiliensis), uma espécie considerada ameaçada de extinção, distribuídas em sete grupos familiares e um indivíduo solitário.
A ação percorreu aproximadamente 430 quilômetros por rios, canais e lagos, abrangendo áreas internas do parque e regiões do entorno, incluindo trechos dos rios Javaés, Javaezinho, Araguaia e Riozinho. O levantamento reforça a importância do Cantão como um dos principais refúgios naturais da espécie no estado.
O monitoramento integra o Programa de Monitoramento e Conservação das Ariranhas (Pró-Ariranha), iniciativa coordenada pelo Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), órgão ambiental estadual, que atua no acompanhamento sistemático da população da espécie e na produção de dados para ações de manejo e preservação.
Durante o trabalho de campo, as equipes realizaram observação direta das margens e bancos de areia, busca ativa por grupos de ariranhas, identificação de tocas, além de registros de vocalizações, rastros e material biológico. Também foram coletados dados ambientais, como nível da água, condições climáticas e presença de outras espécies associadas aos ecossistemas aquáticos.
Além dos registros visuais, a campanha incluiu mapeamento geográfico dos pontos de ocorrência, coleta de amostras biológicas, microbiológicas e genéticas, e diálogo com ribeirinhos da região, que contribuíram com relatos recentes sobre a fauna local e mudanças percebidas no ambiente.
De acordo com a inspetora de Recursos Naturais, Aline Vilarinho, esta foi a última campanha do ano e apresentou resultados expressivos. “Observamos uma quantidade significativa de indivíduos, com registro de vários grupos e tocas ativas. A coleta de material biológico também tornou o trabalho de campo bastante produtivo”, explicou.
A coordenadora do Pró-Ariranha, a bióloga Samara Almeida, destacou que, mesmo com os dados ainda em fase de análise, a expectativa é de ampliação do catálogo anual da espécie. “Devemos incorporar pelo menos dez novos indivíduos aos registros. Conseguimos cumprir integralmente o planejamento da campanha e encerrar o trabalho com um saldo muito positivo”, afirmou.
O resultado reforça o papel do Parque Estadual do Cantão como um território essencial para a conservação das ariranhas, além de evidenciar a relevância do monitoramento contínuo para proteger espécies ameaçadas e os ecossistemas aquáticos do Tocantins.


