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terça-feira, dezembro 30, 2025
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Festas de fim de ano podem intensificar o luto e desafiar quem vive uma perda recente

Entre celebrações, memórias e ausências, especialistas explicam por que esse período exige mais acolhimento e cuidado emocional

As festas de fim de ano costumam ser associadas a encontros, confraternizações, amigo secreto, ceias em família e expectativas para um novo ciclo. No entanto, para quem está vivendo um processo de luto, esse período pode se transformar em um dos momentos mais desafiadores do ano.

Estar reunido com a família após a perda de alguém querido, participar de celebrações quando o coração ainda está pesado ou fazer planos para o futuro em meio à saudade são situações que exigem um esforço emocional significativo. O luto, que já é complexo em qualquer época, tende a ganhar ainda mais força quando é atravessado por datas simbólicas e rituais afetivos.

A psicóloga clínica Carmen Clímaco explica que o luto não segue regras nem calendários. Ele atravessa o cotidiano de forma silenciosa e, muitas vezes, inesperada.
Segundo ela, a saudade pode surgir em situações simples: ao ouvir uma música, revisitar um lugar, ver uma foto antiga ou até ao viver uma conquista que se gostaria de compartilhar com quem já partiu.

“O luto não tem data marcada. Ele aparece quando a memória encontra o afeto, e o afeto esbarra na ausência. Cada pessoa vive esse processo de maneira única, com altos e baixos. Não existe um tempo certo para superar”, explica a psicóloga.

Carmen reforça que falar sobre o luto ao longo de todo o ano é fundamental, especialmente em períodos como o Natal e o Ano Novo, quando a cobrança social por alegria pode ser maior. Para ela, buscar apoio é um passo essencial.

“Esse apoio pode vir da família, de amigos ou de profissionais da saúde mental. O luto não é sobre esquecer quem se foi, mas sobre aprender a continuar”, afirma.

Crianças também sentem — e precisam ser acolhidas

Quando a perda envolve crianças, o desafio pode ser ainda maior. A artista, educadora e escritora baiana Paula Brito, autora do livro infantil “Será que as mães viram estrelas?”, defende que falar sobre o luto com os pequenos é essencial, mesmo sendo um assunto sensível.

Para ela, o fim de ano pode intensificar sentimentos de confusão e tristeza nas crianças que estão enlutadas, justamente por ser um período marcado por expectativas de alegria e união.

“A chave é permitir que a dor e a alegria coexistam. É preciso acolher a criança, entender sua dor e ajudá-la a lidar com a ausência física, respeitando seu tempo”, explica.

Paula destaca que manter rotinas, rituais positivos e conversas abertas sobre quem partiu ajuda a trazer segurança emocional. Segundo ela, o isolamento pode parecer uma reação natural, mas o processamento do luto tende a ser mais saudável quando acontece com apoio e diálogo.

“Nem todos conseguirão manter o mesmo ritmo de participação ou alegria. Por isso, é importante criar estratégias para respeitar o tempo e o sentimento de cada um”, completa.

Apoio emocional é fundamental

Em momentos de fragilidade emocional, contar com redes de apoio faz toda a diferença. O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece escuta e apoio emocional gratuitamente, 24 horas por dia, pelo telefone 188, para qualquer pessoa que sinta necessidade de conversar.

Falar sobre luto, especialmente em épocas simbólicas como o fim de ano, é uma forma de acolher, conscientizar e lembrar que ninguém precisa atravessar a dor sozinho.

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