Quando o silêncio chega, o corpo reage ao acúmulo do dia; técnicas simples ajudam a reduzir os sintomas e favorecer o sono
Ter uma crise de ansiedade à noite costuma pegar muitas pessoas de surpresa. O dia termina, o quarto fica em silêncio e, no lugar do descanso esperado, surgem sinais intensos de alerta: coração acelerado, respiração curta, tensão muscular e uma sensação de perda de controle. A ausência de estímulos externos faz com que esses sintomas pareçam ainda mais assustadores.
Apesar do desconforto, é importante compreender que, na maioria dos casos, o corpo não está em perigo real. A crise de ansiedade à noite costuma ser uma resposta ao acúmulo de estresse, preocupações não resolvidas, cansaço físico e mental, além do excesso de estímulos ao longo do dia — especialmente o uso prolongado de telas antes de dormir.
Por que a ansiedade tende a surgir ao deitar
Durante o dia, a mente permanece ocupada com tarefas, conversas e decisões. À noite, porém, o cérebro entra em um estado de processamento interno. Pensamentos pendentes ganham espaço, emoções reprimidas emergem e o sistema nervoso pode permanecer ativado, dificultando o relaxamento natural.
Além disso, hábitos como consumir notícias negativas, usar celular ou assistir a conteúdos estimulantes pouco antes de dormir interferem na produção de melatonina, o hormônio do sono. Esse conjunto de fatores favorece o surgimento da crise de ansiedade justamente no momento em que o corpo deveria desacelerar.
Técnicas rápidas para acalmar o corpo
Durante uma crise de ansiedade à noite, algumas práticas simples podem ajudar a reduzir os sintomas e trazer mais segurança ao corpo:
Respiração controlada:
Inspirar lentamente por quatro segundos, segurar o ar por dois e soltar pela boca por seis segundos ajuda a desacelerar os batimentos cardíacos e aliviar a sensação de aperto no peito. Bastam alguns minutos para que o corpo receba o sinal de que pode sair do estado de alerta.
Técnica 5-4-3-2-1:
Essa estratégia de foco sensorial ajuda a “ancorar” a mente no presente. Funciona assim:
– identifique cinco coisas que você vê;
– quatro que pode tocar;
– três sons que consegue ouvir;
– dois cheiros;
– um sabor.
Ao direcionar a atenção para o ambiente, a mente deixa de alimentar o medo, e a crise de ansiedade à noite tende a perder intensidade.
Essas práticas não substituem acompanhamento profissional, mas funcionam como apoio imediato em momentos difíceis. Com o tempo, criar um ritual noturno, reduzir estímulos e reconhecer os sinais do próprio corpo favorece noites mais tranquilas. Aprender a lidar com a ansiedade é um processo — e cada noite superada reforça a confiança de que o descanso pode, sim, voltar a ser um espaço seguro.


