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Cidade de Pedra: o maior labirinto natural de rochas do Brasil escondido em Pirenópolis

Monumento natural reúne formações milenares, história esquecida e um dos cenários mais impressionantes do Cerrado goiano, com acesso facilitado por Cocalzinho de Goiás

Em meio ao Cerrado goiano, entre serras, caminhos antigos e paisagens moldadas pelo tempo, está um dos conjuntos geológicos mais impressionantes do Brasil: a Cidade de Pedra, também conhecida como Cidade Perdida dos Pirineus. Oficialmente localizada no município de Pirenópolis (GO), a área fica a cerca de 56 quilômetros do centro histórico da cidade, em uma região de difícil acesso e praticamente intocada.

Ao mesmo tempo, é Cocalzinho de Goiás, município vizinho e mais próximo geograficamente do complexo, que hoje funciona como a principal porta de entrada prática para quem deseja conhecer esse patrimônio natural. Assim, Pirenópolis e Cocalzinho se conectam pela Cidade de Pedra, cada uma exercendo um papel fundamental na preservação, no acesso e na experiência turística.

Uma cidade esculpida pela natureza

Com uma área estimada entre 500 e 600 hectares, o equivalente a cerca de 850 campos de futebol, a Cidade de Pedra é considerada o maior sítio de formações ruiniformes do Brasil. O relevo impressiona por seus cânions, labirintos naturais, muralhas, torres e grandes blocos rochosos que lembram ruas, praças, templos, palácios, estátuas e pirâmides.

A Cidade de Pedra, em Pirenópolis, forma o maior conjunto de rochas ruiniformes do Brasil, um verdadeiro labirinto natural moldado por milhões de anos no coração do Cerrado.

Formadas por quartzito e arenito, essas estruturas têm idade estimada em centenas de milhões de anos. Duas pirâmides paralelas se destacam na paisagem, uma delas com cerca de 150 metros de altura, reforçando a sensação de caminhar por uma cidade antiga, silenciosa e monumental — o que rendeu ao local o apelido de “Machu Picchu do Cerrado”.

Pirenópolis: território, história e reconhecimento oficial

A Cidade de Pedra está situada na Serra de São Gonçalo, em uma propriedade particular pertencente ao território de Pirenópolis. O município, reconhecido nacionalmente por seu patrimônio histórico e cultural, também abriga esse tesouro natural pouco conhecido do grande público.

Formações que lembram ruas, templos e pirâmides fazem da Cidade de Pedra um dos cenários geológicos mais impressionantes do país, com acesso facilitado pela região de Cocalzinho de Goiás.

Em 4 de outubro de 2005, a área foi oficialmente reconhecida como Monumento Natural Municipal, em razão de sua relevância geológica, ambiental e histórica, do alto grau de preservação das formações e da presença de espécies endêmicas do Cerrado rupestre.

Cocalzinho: proximidade, acolhimento e base de acesso

Embora pertença a Pirenópolis, é por Cocalzinho de Goiás que se chega mais rapidamente à Cidade de Pedra. Município jovem, com pouco mais de 30 anos de emancipação, Cocalzinho está inserido em uma região marcada por rotas antigas, paisagens preservadas e forte identidade rural.

A cidade se consolidou como base turística natural para visitantes, pesquisadores, fotógrafos e aventureiros. Suas pousadas aconchegantes, o contato direto com a natureza e a hospitalidade típica do interior goiano — com conversa na varanda, comida da roça e acolhimento espontâneo — fazem parte da experiência de quem escolhe conhecer a Cidade Perdida a partir dali.

História: a cidade perdida descrita no século XIX

A Cidade de Pedra não é apenas um espetáculo natural, mas também um enigma histórico. O local foi descrito pela primeira vez em 1871 pelo padre, médico e naturalista francês François Henry Trigant des Genettes, que viveu em Pirenópolis. Em cartas enviadas ao imperador Dom Pedro II, ele relatou a existência de uma extensa “cidade em ruínas” no interior do Cerrado.

A famosa Rocha do Dromedário, na Cidade de Pedra, impressiona pelo formato esculpido naturalmente ao longo de milhões de anos no Cerrado goiano.

Por décadas, esses registros permaneceram esquecidos. Somente no início dos anos 2000, o historiador goiano Paulo Bertran (1948–2005) conseguiu localizar a área descrita pelo francês, após nove expedições exploratórias, guiado por textos históricos e fotografias aéreas antigas, mesmo sem o auxílio de GPS. A redescoberta devolveu a Cidade de Pedra ao mapa científico, histórico e turístico de Goiás.

Importância ambiental e biodiversidade

Apesar do aspecto árido, a Cidade de Pedra abriga uma biodiversidade altamente adaptada a ambientes extremos, típica do Cerrado rupestre. Entre as espécies registradas estão veloziáceas, eriocauláceas, bromélias e líquens rochosos, que se desenvolvem diretamente sobre a rocha, formando um ecossistema delicado e sensível à ação humana.

As estruturas preservam dobras, falhas e fraturas geológicas fundamentais para o estudo da evolução do relevo do Planalto Central, o que faz do local um verdadeiro laboratório natural a céu aberto.

Sob o céu do Cerrado, a Cidade de Pedra revela um espetáculo raro: silêncio absoluto, rochas monumentais e um dos céus mais estrelados de Goiás.

Em alguns trechos do entorno, especialmente nos acessos próximos a Cocalzinho, ainda é possível encontrar cachoeiras, piscinas naturais e cursos d’água, encaixados entre grandes blocos rochosos.

Visitação: beleza que exige preparo e consciência

Entre pilares de pedra esculpidos pelo tempo, a Cidade de Pedra revela sua grandiosidade no coração do Cerrado.

A Cidade de Pedra não possui infraestrutura turística. As trilhas variam entre 6 e 12 quilômetros, com dificuldade média a alta, em terreno acidentado, coberto por mato e com orientação complexa.

Por isso, a presença de guia experiente é obrigatória. O local funciona como um verdadeiro labirinto natural, e tentar explorá-lo sem acompanhamento representa alto risco. A recomendação é contratar guias credenciados pelo Ministério do Turismo, por meio de agências locais de Pirenópolis ou Cocalzinho de Goiás.

É essencial levar água em abundância, alimentos, roupas adequadas, proteção solar e preparo físico. O passeio pode durar entre 4 e 7 horas. A melhor época para visitação vai de dezembro a julho; no auge da seca, o calor intenso e a falta de água tornam a experiência mais difícil. Em alguns períodos, o acesso pode exigir veículo 4×4.

Turismo consciente e preservação

Apesar de estar em propriedade privada, o acesso é permitido desde que o visitante siga regras básicas de preservação: não fazer fogo, não deixar lixo, não retirar pedras ou plantas e respeitar o ambiente. Visitar a Cidade de Pedra exige mais do que disposição física — exige sensibilidade, respeito e consciência ambiental diante de um dos patrimônios naturais mais singulares do Brasil.

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