Ameaçados por mineração, desmatamento e turismo, povos que escolheram viver longe da sociedade moderna enfrentam a maior crise de sobrevivência de sua história
Um alerta global foi lançado nesta semana pela organização Survival International: cerca da metade dos povos indígenas isolados do mundo pode desaparecer nos próximos dez anos. O motivo é a pressão crescente de atividades ilegais e invasivas, como exploração florestal, mineração, construção de infraestrutura e até o turismo em áreas protegidas.
Atualmente, existem cerca de 196 povos e grupos “não contatados”, ou seja, comunidades que escolheram viver isoladas de outras sociedades humanas. Mais de 90% desses povos vivem na floresta amazônica, especialmente em território brasileiro, onde a expansão de estradas, garimpos e grileiros ameaça diretamente sua existência.
Durante uma coletiva de imprensa em Londres, a diretora executiva da Survival International, Caroline Pearce, fez um apelo urgente:
“Queremos que o mundo — e, em particular, os governos e as empresas — reconheçam essa urgência mundial e ajam a respeito.”
O ator americano Richard Gere, que há décadas apoia causas indígenas, participou do evento reforçando a importância da mobilização internacional.
Embora o direito internacional reconheça o direito desses povos de viver em suas terras e manter o isolamento voluntário, a organização denuncia que as leis nacionais frequentemente falham em protegê-los. Em muitos casos, a ausência de fiscalização e a permissividade com grandes empreendimentos aceleram a destruição de territórios sagrados e ecossistemas vitais.
A Survival International lembra que proteger os povos isolados é também preservar parte da diversidade humana e cultural da Terra. Cada comunidade representa um modo único de viver em harmonia com a natureza — um equilíbrio que o mundo moderno insiste em romper.
Sem contato, mas não sem voz: o apelo é por respeito. Esses povos não pedem ajuda material, apenas o direito de continuar existindo — à sua maneira.
