Saulo Jennings, conhecido por promover a culinária amazônica, lamenta não poder servir peixes da região em evento ambiental no Brasil
O renomado chef paraense Saulo Jennings, à frente do premiado restaurante Casa do Saulo, anunciou que não participará do jantar em homenagem ao príncipe William, marcado para o dia 5 de novembro, no Rio de Janeiro, durante o Earthshot Prize 2025 — evento criado pelo herdeiro britânico em prol da sustentabilidade.
O motivo da desistência? A exigência de que o menu fosse 100% vegano, sem qualquer ingrediente de origem animal. A determinação, que pode ter partido da equipe do príncipe ou dos organizadores brasileiros, impediu Saulo de incluir no cardápio o que considera a alma de sua cozinha: os peixes amazônicos.
“Os britânicos vêm da terra do fish and chips e agora não comem peixe? Pegou mal essa determinação”, afirmou o chef, eleito em 2024 como o primeiro Embaixador Gastronômico da Organização Mundial do Turismo (OMT).
Jennings, que defende uma gastronomia sustentável e inclusiva, explicou que respeita o veganismo, mas acredita que o evento seria uma oportunidade única de mostrar ao mundo os sabores da Amazônia, como o pirarucu, o jambu e o tucupi — símbolos da cultura alimentar do Norte.
Ele tentou negociar com os organizadores para incluir ao menos 10% a 20% de pratos com peixe, mas a decisão final manteve o cardápio estritamente vegetal. Diante disso, o chef optou por se retirar da empreitada.
“Não é sobre saber cozinhar sem carne. É sobre missão. A minha missão é levar a culinária amazônica onde eu puder. E a culinária amazônica vem dos rios e da floresta — incluindo o peixe”, declarou Saulo.
A vaga deixada pelo paraense será ocupada pela chef Tati Lund, do Org Bistrô, no Rio de Janeiro — restaurante conhecido por sua cozinha vegana e premiado pelo Prêmio Rio Show de Gastronomia 2025.
Curiosamente, Saulo já teve a oportunidade de cozinhar para a realeza britânica. Em 2023, ele foi o responsável pelo jantar que antecedeu a coroação do Rei Charles III, no Palácio de Buckingham. No menu, pratos amazônicos como peixe com musseline de macaxeira, arroz de pato com tucupi e o icônico cordeiro com ervas amazônicas.
Entre suas criações mais conhecidas está a “feijoqueca”, uma fusão de feijoada e moqueca que combina feijão-fradinho de Santarém, camarão, jambu e pimenta-comari — prato que se tornou símbolo de sua defesa pela culinária brasileira autêntica.
“Não sou contra o veganismo, sou contra a exclusão”, concluiu o chef, reforçando que sua cozinha é feita para unir tradições, não para separar.
