Agremiações Garantido e Caprichoso se unem na coleta de assinaturas por projeto de proteção ambiental
O tradicional Festival de Parintins, no Amazonas, começou nesta sexta-feira (27) com uma novidade histórica: a união entre os bois rivais Garantido (vermelho) e Caprichoso (azul) em torno de uma causa maior — a proteção da floresta amazônica. Além da celebração cultural e artística, o evento deste ano se destaca pelo engajamento das torcidas no apoio ao Projeto de Lei de Iniciativa Popular Amazônia de Pé (Plip).
A proposta, construída por mais de 300 organizações sociais do movimento Amazônia de Pé, quer garantir que áreas públicas da Amazônia Legal sejam destinadas exclusivamente à conservação ambiental e justiça social, impedindo que essas terras sejam registradas indevidamente no Cadastro Ambiental Rural (CAR).
Segundo Kaianaku Kamaiurá, coordenadora de Incidência do movimento, a proposta surge da constatação de que mais de 50 milhões de hectares de florestas públicas estão hoje sem destinação definida e em risco de desmatamento. “É uma grande área que poderia ser protegida, usada por povos indígenas, ribeirinhos e transformada em unidades de conservação”, destaca.
Bumbás na linha de frente
O movimento ganhou força com o lançamento do Desafio dos Bumbás, que mobiliza as torcidas Garantido e Caprichoso na coleta de assinaturas até o dia 14 de julho. A agremiação que reunir o maior número de apoios ao Plip receberá R$ 40 mil, e o torcedor mais engajado será premiado com R$ 6 mil e dois acessos VIP para o Festival de Parintins 2026.
Para Patrícia Patrocínio, articuladora cultural do Amazônia de Pé e natural de Parintins, a sinergia entre a cultura e a causa ambiental é natural. “Essa expressão da nossa identidade tem o poder de mobilizar e defender o território amazônico, tão ameaçado hoje”, afirma.
Erick Nakanome, do Boi Caprichoso, reforça que o boi hoje é também símbolo de resistência: “Fazemos da arte uma ferramenta de luta e preservação”. Já Alvatir da Silva, do Boi Garantido, destaca que a festa representa a sabedoria ancestral de viver em equilíbrio com a floresta: “O boi reverbera a ciência dos povos amazônicos”.
A meta é alcançar 1,5 milhão de assinaturas, como prevê a Constituição para projetos de iniciativa popular. Caso seja validado, o projeto passará a tramitar como qualquer outro no Congresso Nacional.
por GT Notícias – Goiás Tocantins Notícias
