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terça-feira, junho 24, 2025
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Campina Grande vive a evolução do maior São João do mundo

Festa junina paraibana atrai mais de 3,5 milhões de pessoas, movimenta R$ 740 milhões e se reinventa com tradição, forró e novos ritmos.

Nesta segunda-feira, 24 de junho, dia de São João, o coração do Nordeste bate mais forte em Campina Grande, na Paraíba. É lá que acontece o autointitulado maior São João do mundo, uma festa que ultrapassou as fronteiras do comunitário para se tornar um dos maiores eventos culturais e turísticos do Brasil.

O Parque do Povo, palco principal da celebração, deve atingir sua lotação máxima hoje, com shows de Waldonys, Ton Oliveira e Geraldo Azevedo. O espaço, com capacidade para 76 mil pessoas por noite, é fechado assim que atinge o limite, refletindo a dimensão que a festa alcançou nas últimas décadas.

De rua comunitária a megafestival

Até meados dos anos 1980, o São João em Campina Grande era como em tantas cidades nordestinas: fogueiras nas ruas, forró improvisado em palhoções e muita união entre vizinhos. Mas tudo começou a mudar em 1983, quando a prefeitura assumiu a organização. Três anos depois, sob gestão do então prefeito Ronaldo Cunha Lima, a festa foi profissionalizada e ganhou o Parque do Povo, espaço que hoje conta com quase 40 mil m², após expansão em 2024 com a incorporação do Parque Evaldo Cruz.

Tradição e modernidade lado a lado

A festa junina em Campina Grande dura 38 dias — de 30 de maio a 6 de julho — e atrai mais de 3,5 milhões de visitantes, gerando uma movimentação financeira estimada em R$ 740 milhões. Além do palco principal, o evento conta com palcos alternativos, espaços temáticos, praça de alimentação com mais de 400 pontos de vendas e estandes de marcas patrocinadoras.

Apesar do protagonismo do forró, ritmos como brega, trap, calypso, rap e música eletrônica também ganham espaço na programação, com artistas como DJ Alok, Joelma, Hungria e Matuê. A diversidade musical agrada o público jovem, mas gera críticas dos mais tradicionalistas, que sentem falta da hegemonia do forró.

Vozes da cultura local

Nos palcos menores, músicos e trios regionais seguem mantendo a chama acesa da cultura nordestina. Um exemplo é o Trio Forrozão Sem Frescura, com a cantora Jussara Damião, que realiza oito apresentações durante o evento. Para muitos artistas locais, apesar dos cachês modestos, é a grande chance de visibilidade.

Vendas em alta e empregos temporários

Empreendedores como José Ventura Barbosa, dono da tradicional Bodega do Ventura, acompanham a evolução da festa desde os anos 1990. O restaurante, que serve pratos típicos como bode guisado, hoje investe cerca de R$ 50 mil na montagem de sua estrutura e gera empregos, como o do garçom Kainã Garcia, que depende do São João para garantir sua renda anual.

Tradição que passa de geração em geração

Para além da música e da economia, o São João de Campina Grande é um espaço de afirmação cultural e identidade nordestina. Famílias inteiras se reúnem no Parque do Povo para assistir às quadrilhas juninas e transmitir o orgulho de suas raízes. A bióloga Juliana Soares fez questão de levar sua filha Maria Laura, de 5 anos, para dançar na quadrilha infantil:

“Quero que ela tenha orgulho de ser nordestina, de dizer: ‘Eu amo minha cultura, eu amo minha raiz’.”

Campina Grande segue provando que é possível unir tradição e modernidade, mantendo viva uma das festas mais importantes do país — onde o calor humano é tão forte quanto a fogueira de São João.

por GT Notícias – Goiás Tocantins Notícias

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