Novo estudo sugere que o “Homem Vitruviano” foi baseado em uma proporção matemática desconhecida até o século XX — e não na razão áurea, como se acreditava.
Um triângulo escondido na virilha do “Homem Vitruviano”, de Leonardo da Vinci, pode mudar o entendimento sobre uma das obras mais icônicas da história da arte.
A descoberta foi feita pelo pesquisador e dentista londrino Rory Mac Sweeney, que afirma ter identificado um triângulo equilátero oculto na composição do desenho, o qual revelaria a razão geométrica usada por Da Vinci para definir as proporções do corpo humano.
O estudo, publicado no Journal of Mathematics and the Arts, defende que Leonardo teria baseado seu trabalho não na famosa razão áurea (1,618), mas em outra relação matemática pouco conhecida: a razão tetraédrica, estimada em 1,633 — conceito que só seria formalizado mais de 400 anos depois, em 1917.
Segundo Mac Sweeney, as medidas do triângulo formado pelas pernas e braços abertos do modelo no “Homem Vitruviano” resultam em proporções muito próximas desse valor (entre 1,64 e 1,65). A coincidência sugere que o artista renascentista teria intuído princípios geométricos universais muito antes da ciência moderna.

O pesquisador ainda relaciona o achado ao chamado triângulo de Bonwill, usado na odontologia desde o século XIX para determinar a posição ideal da mandíbula — e que também se baseia na proporção 1,633.
Essas coincidências apontam para um padrão que transcende a arte: a ideia de que o corpo humano segue leis geométricas semelhantes às encontradas na natureza, em estruturas de máxima eficiência.

Se confirmada, a hipótese reforça a imagem de Leonardo da Vinci como um pensador que uniu anatomia, matemática e filosofia natural em um só gesto criativo. Para Mac Sweeney, “essa descoberta posiciona Leonardo como um investigador anatômico e filósofo geométrico, alguém que percebeu proporções humanas ideais séculos antes de a ciência moderna validá-las”.
Ainda é cedo para dizer se a comunidade científica aceitará a teoria, mas a nova interpretação reacende uma pergunta fascinante: até onde Da Vinci foi capaz de enxergar os segredos do universo nas formas do corpo humano?


