Com mais de 30 mil procedimentos em 2024, SUS se consolida como maior sistema público de transplantes do mundo e recebe novidades para reduzir filas e aumentar o número de doadores
O Brasil alcançou um marco histórico em 2024 ao registrar mais de 30 mil transplantes realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), número que representa crescimento de 18% em relação a 2022. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (4/6), em Brasília, pelo Ministério da Saúde, que também apresentou um pacote de medidas para modernizar o Sistema Nacional de Transplantes (SNT).
De acordo com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o recorde é resultado do esforço conjunto de gestores públicos, equipes médicas, técnicos, enfermeiros e profissionais do SAMU em todo o país:
“Temos que celebrar esse recorde. É a reafirmação do Brasil como o país que mais realiza transplantes em sistema público de saúde no mundo”, afirmou.
Entre as novidades apresentadas, destacam-se:
- Prova Cruzada Virtual: exame inovador que permitirá maior rapidez na distribuição de órgãos e menor risco de rejeição.
- Nova forma de alocação regional: órgãos e tecidos serão destinados prioritariamente a estados da mesma região geográfica, agilizando o transporte e reduzindo perdas.
- Oferta inédita de transplante de intestino delgado e multivisceral no SUS, beneficiando pacientes com falência intestinal irreversível.
- Uso da membrana amniótica no tratamento de queimaduras, reduzindo dor, infecções e tempo de recuperação.
- Criação do Programa Nacional de Qualidade em Doação para Transplantes (ProDOT), que vai capacitar equipes de saúde para acolher familiares e reduzir o índice de negativas.
Avanços e desafios
Mais de 78 mil brasileiros aguardam por um órgão. Entre eles, os mais demandados em 2024 foram: rim (42.838), córnea (32.349) e fígado (2.387). Já os órgãos mais transplantados foram córnea (17.107), rim (6.320), medula óssea (3.743) e fígado (2.454).
Apesar dos avanços, 45% das famílias ainda negam a autorização para doação de órgãos. Para reverter esse quadro, o Ministério aposta em maior humanização no acolhimento e na conscientização social: a decisão só é válida se confirmada pelos familiares, mesmo que a pessoa já tenha manifestado o desejo em vida.
SUS como referência mundial
Mais de 85% dos transplantes no Brasil são financiados pelo SUS, incluindo não apenas os procedimentos de alta complexidade, mas também o fornecimento vitalício de medicamentos imunossupressores aos pacientes.
Com a ampliação de procedimentos e a modernização tecnológica, o Brasil fortalece seu papel de referência mundial em transplantes no sistema público, ao mesmo tempo em que investe na redução das filas de espera e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes.