Período de 90 dias sem plantas no campo foi essencial para conter a ferrugem asiática e garantir maior segurança produtiva
O vazio sanitário da soja em Goiás termina nesta quarta-feira (24/09), encerrando o período de 90 dias em que não foi permitida a permanência de plantas vivas no campo. A medida, em vigor no estado desde 2006, é considerada uma das estratégias mais eficazes para reduzir a incidência precoce da ferrugem asiática, doença que ameaça a produtividade da oleaginosa em todo o Brasil.
A partir de 25 de setembro de 2025, os produtores estão autorizados a iniciar a semeadura, conforme estabelece a Instrução Normativa nº 6/2024 da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa). O calendário determina ainda que o prazo final para o plantio vai até 2 de janeiro de 2026.
Segundo o presidente da Agrodefesa, José Ricardo Caixeta Ramos, o cumprimento das normas é essencial para manter a sustentabilidade da sojicultura goiana.
“O vazio sanitário é uma medida técnica que garante mais qualidade e produtividade para as próximas colheitas, reduzindo o avanço da ferrugem asiática e fortalecendo a defesa fitossanitária do estado”, destacou.
O gerente de Sanidade Vegetal da Agrodefesa, Leonardo Macedo, reforça que a medida dá maior segurança ao produtor:
“Ela reduz a presença do fungo causador da ferrugem asiática entre uma safra e outra e diminui a necessidade de aplicações de fungicidas logo no início do ciclo.”
Cadastro obrigatório das lavouras
Outro ponto importante do calendário é o cadastro obrigatório das áreas de cultivo no Sistema de Defesa Agropecuária de Goiás (Sidago). O prazo para registro é de até 15 dias após o fim do calendário de semeadura, ou seja, até 17 de janeiro de 2026.
No cadastro, devem constar informações como: área plantada, sistema de plantio (irrigado ou sequeiro), cultivar utilizada, data de plantio e previsão de colheita, além das coordenadas geográficas da lavoura. Também é necessário indicar a origem da semente — se adquirida de fornecedor, com CNPJ identificado, ou de produção própria.
De acordo com o coordenador do Programa de Soja da Agrodefesa, Mário Sérgio de Oliveira, o calendário é fruto de consenso entre pesquisadores, setor produtivo e órgãos de fiscalização:
“Seguir as datas estabelecidas e fazer o cadastro no Sidago nos permite mapear as áreas de cultivo e adotar estratégias mais eficazes de monitoramento e combate a pragas e doenças.”
A ferrugem asiática
A ferrugem asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, é a doença mais severa da soja, capaz de gerar grandes perdas econômicas caso não seja controlada. O fungo se espalha pelo vento e encontra nas chamadas plantas voluntárias um ambiente propício para sobreviver entre safras.
O vazio sanitário elimina essa “ponte verde” e reduz o risco de infecção precoce, permitindo que os agricultores iniciem a safra com mais segurança e menor dependência de defensivos logo no início do ciclo.