Pesquisadores russos germinam sementes da Idade do Gelo encontradas em toca de esquilo na Sibéria, marcando o mais antigo caso de regeneração vegetal já registrado.
Em um feito científico histórico, cientistas russos conseguiram germinar uma planta a partir de sementes que permaneceram congeladas por cerca de 32 mil anos. As sementes, da espécie Silene stenophylla, foram encontradas em uma toca de esquilo na tundra do noroeste da Sibéria, preservadas pelo gelo desde a Idade do Gelo.
O estudo, conduzido por Svetlana Yashina e David Gilichinsky, do Centro de Pesquisa Pushchino da Academia de Ciências da Rússia, foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) e é considerado a recuperação de planta mais antiga já confirmada por datação de radiocarbono.
Segundo os pesquisadores, as sementes estavam armazenadas a aproximadamente -7 °C, condição que impediu sua deterioração. A partir de tecidos preservados, foi possível gerar novas plantas, idênticas à Silene stenophylla ainda existente atualmente.
Até então, o recorde de regeneração vegetal a partir de material antigo era de uma palmeira cultivada a partir de uma semente de 2 mil anos encontrada em Masada, Israel. A nova descoberta amplia em muito a compreensão sobre a resistência biológica de sementes e células vegetais.
Embora alguns cientistas esperem por mais estudos para confirmar totalmente a autenticidade, especialistas como Grant Zazula, do Programa de Paleontologia de Whitehorse (Canadá), não têm dúvidas sobre a legitimidade da pesquisa.
Para Alastair Murdoch, especialista em sementes da University of Reading (Reino Unido), o feito é surpreendente: “A 7 graus negativos, após 160 anos, apenas 2% das sementes costumam germinar. Neste caso, falamos de um salto para 32 mil anos.”
O caso reforça como o gelo e as condições climáticas extremas podem servir como cápsulas do tempo para a vida, abrindo novas possibilidades para a biotecnologia e estudos sobre mudanças climáticas.


