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Café pode retardar o envelhecimento biológico em pessoas com transtornos psiquiátricos, aponta estudo

Consumo moderado — até 3 a 4 xícaras ao dia — foi associado a telômeros mais longos e até 5 anos biológicos extras.

O café, tão presente no dia a dia dos brasileiros, voltou ao centro das pesquisas científicas. Um estudo publicado na revista BMJ Mental Health revelou que o consumo moderado da bebida — de 3 a 4 xícaras por dia — pode estar ligado a um envelhecimento biológico mais lento em pessoas com transtornos mentais graves. O efeito foi observado no alongamento dos telômeros, estruturas localizadas na ponta dos cromossomos que funcionam como marcadores do envelhecimento celular.

Segundo os pesquisadores, esse consumo moderado foi capaz de preservar a integridade dos telômeros, oferecendo o equivalente a cinco anos biológicos a mais quando comparado aos participantes que não bebiam café. No entanto, o benefício não se estende para quem ultrapassa esse limite: o consumo de cinco ou mais xícaras diárias não apresentou qualquer efeito protetor.

Como o café pode influenciar o envelhecimento celular

Os telômeros encurtam naturalmente conforme envelhecemos, mas esse processo pode ser acelerado por fatores ambientais — como estresse, inflamação e hábitos de vida. Pessoas com transtornos psiquiátricos graves, como esquizofrenia, psicose ou transtorno bipolar, costumam apresentar redução mais acelerada dessas estruturas, o que motivou a investigação.

Como o café já é associado a benefícios cardiovasculares, redução do risco de algumas doenças e ação antioxidante, os cientistas levantaram a hipótese de que seus compostos bioativos poderiam ter impacto direto no ritmo de desgaste celular.

O estudo

A pesquisa analisou 436 adultos participantes do estudo norueguês TOP (Thematic Organized Psychosis Research Study), entre 2007 e 2018. Entre eles, 259 tinham diagnóstico de esquizofrenia e 177 de transtornos afetivos, incluindo transtorno bipolar e depressão maior com psicose.

Os participantes foram divididos de acordo com a quantidade de café consumida:

  • 0 xícaras (44 pessoas)
  • 1–2 xícaras por dia
  • 3–4 xícaras por dia (110 pessoas)
  • 5 ou mais xícaras

O tabagismo — comum entre pessoas com transtornos psiquiátricos e que acelera o metabolismo da cafeína — também foi considerado. Aproximadamente 77% dos participantes eram fumantes, com média de nove anos de hábito.

As análises mostraram que o grupo que bebia 3 a 4 xícaras diárias apresentava telômeros significativamente mais longos, enquanto o grupo de cinco ou mais xícaras não exibiu o mesmo benefício. A diferença foi comparável a uma idade biológica cinco anos mais jovem entre moderados consumidores.

Importante: estudo observacional

Os pesquisadores destacam que o estudo é observacional e não permite afirmar que o café causa o alongamento dos telômeros. Também faltam informações como:

  • tipo de café consumido,
  • forma de preparo,
  • níveis precisos de cafeína,
  • horário do consumo,
  • outras fontes de cafeína na dieta.

Ainda assim, o resultado reforça a sensibilidade dos telômeros ao estresse oxidativo e à inflamação — mecanismos em que o café pode atuar positivamente.

Consumo seguro

A quantidade observada como benéfica — entre 3 e 4 xícaras por dia — coincide com a ingestão máxima recomendada por autoridades internacionais como o NHS (Reino Unido) e a FDA (EUA), reforçando que moderação é a chave.

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