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quarta-feira, novembro 12, 2025
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Saúde mental ultrapassa câncer e se torna a maior preocupação dos brasileiros

Em 2024, o país registrou o maior número de afastamentos por transtornos mentais da última década. Especialistas alertam: o cuidado com o cérebro precisa ser preventivo, e não apenas reativo.

O Brasil vive uma epidemia silenciosa — e ela não está nos hospitais, mas dentro da mente de milhões de pessoas. Pela primeira vez, a saúde mental superou o câncer como a maior preocupação dos brasileiros, segundo o levantamento Ipsos Health Service Report 2025. Mais da metade dos entrevistados (52%) afirmam que o equilíbrio emocional é hoje a principal prioridade de saúde. Em 2018, apenas 18% pensavam assim.

O dado representa uma mudança profunda no modo como o país encara o bem-estar. Em 2024, o Ministério da Previdência Social registrou 472 mil afastamentos por transtornos mentais, um aumento de 67% em relação a 2023 — o maior número da série histórica. A ansiedade, o burnout e a depressão deixaram de ser exceções e se tornaram parte da rotina de profissionais pressionados por metas inalcançáveis, jornadas exaustivas e pela cultura do “sempre disponível”.

Nos ambientes de trabalho, o burnout (síndrome do esgotamento profissional) foi oficialmente reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como doença ocupacional. Isso significa que o estresse crônico no trabalho pode ser tão danoso quanto qualquer outro problema de saúde física — e precisa ser encarado com a mesma seriedade.

A pesquisa Gupy – Saúde Mental no Trabalho 2025 revela que quase 7 em cada 10 profissionais brasileiros se sentem emocionalmente esgotados. Irritabilidade, fadiga, insônia e perda de concentração são sinais de um cérebro em sobrecarga — resultado direto da exposição contínua ao estresse e aos altos níveis de cortisol e dopamina, hormônios que, em excesso, desregulam o sono, o apetite e o humor.

O impacto, porém, vai além do ambiente profissional. Estudos indicam que os transtornos mentais já figuram entre as principais causas de incapacidade laboral e aposentadoria precoce no Brasil. Além disso, há reflexos diretos na economia e nas relações sociais: aumento do consumo de ansiolíticos, dificuldades de convivência, queda de produtividade e um crescimento expressivo dos atendimentos psicológicos via planos de saúde e redes públicas.

Segundo a OMS, a cada US$ 1 investido em programas de apoio à saúde mental, há um retorno médio de US$ 4 em produtividade e bem-estar. Isso mostra que o cuidado com o emocional não é apenas uma questão individual — é também uma política pública necessária.

Mas o que realmente muda o jogo é a prevenção integrada. A medicina moderna já entende que o equilíbrio mental depende de fatores interconectados: sono de qualidade, alimentação adequada, regulação hormonal, microbiota intestinal saudável e baixos níveis de inflamação cerebral. Cuidar da mente não é apenas procurar ajuda quando há colapso, e sim manter uma rotina que fortaleça o cérebro antes da crise.

Para especialistas, é urgente abandonar a lógica do “dar conta de tudo” e reconhecer os limites humanos. A desconexão tecnológica, o contato com a natureza, as pausas de descanso e a terapia são práticas simples, mas poderosas, para restaurar o equilíbrio emocional.

💬 Mais do que tratar quando a mente falha, é preciso construir o equilíbrio emocional na rotina.
Cuidar do cérebro é cuidar da base que sustenta todas as outras áreas da vida.

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