Psicólogos explicam que, ao contrário da morte, o término envolve a escolha de ir embora — e isso pode tornar o sofrimento ainda mais profundo.
A dor de um término de relacionamento é um sentimento quase universal. Mas, segundo especialistas, o que muitos não admitem é que essa dor pode ser ainda mais devastadora do que a causada pela morte de um ente querido. O motivo? A escolha consciente de partir.
De acordo com o psicólogo Adrián Chico, especialista em sexo e relacionamentos, a diferença fundamental está no fato de que, na morte, o afastamento não é uma decisão. “A dor de um término de relacionamento às vezes pode ser maior do que a morte de um ente querido, que pode ser um pai ou uma mãe… Porque o ente querido não escolheu ir embora, mas o parceiro sim”, explica.
Para Chico, o sofrimento se intensifica quando a pessoa continua viva, seguindo sua vida — e, muitas vezes, amando outra pessoa. “Você está vendo a pessoa seguir com a vida dela, e não pode fazer nada para impedir, e às vezes nem entende o porquê”, completa.
O psicólogo Dany Blázquez, especialista em saúde mental, acrescenta que cada perda é única e carrega uma história própria. “Nem todas as perdas doem da mesma forma. O que define a intensidade do luto são o vínculo e as expectativas”, afirma. Segundo ele, quanto mais forte o vínculo e mais idealizada a relação, maior tende a ser a sensação de vazio quando tudo acaba.
Blázquez também lembra que, na morte, existe uma aceitação social e emocional maior, pois é vista como parte da “lei da vida”. Já o término de um relacionamento rompe planos, sonhos e a rotina emocional do dia a dia — e o luto por isso costuma ser mais confuso e prolongado.
Para quem enfrenta esse processo, a psicóloga Silvia Congost, especialista em autoestima e relacionamentos, revela um caminho comprovado para recomeçar: o contato zero.
“Cortar totalmente o contato é essencial se quisermos superar um término mais rapidamente. Nosso cérebro tem capacidade de se adaptar, mas para isso precisamos reduzir ao mínimo as interferências”, explica.
Segundo Congost, evitar locais frequentados pelo casal, deixar de acompanhar o ex nas redes sociais e buscar novos hábitos são passos fundamentais para reconstruir a própria identidade após o rompimento. “O contato zero não é frieza — é autocompaixão”, afirma.


