Estudo europeu aponta que a forma como pessoas com TDAH “divagam” mentalmente pode ser um motor poderoso para a inovação e o pensamento criativo.
Uma nova pesquisa apresentada no 38º Congresso Anual do Colégio Europeu de Neuropsicofarmacologia (ECNP) trouxe uma perspectiva surpreendente sobre o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Segundo os cientistas, os sintomas tradicionalmente vistos como obstáculos — como a desatenção e a impulsividade — podem, na verdade, estar associados a maiores níveis de criatividade.
O estudo investigou o papel da chamada “divagação mental” — os momentos em que a mente se afasta do foco principal e começa a explorar pensamentos, lembranças e ideias diversas. Os pesquisadores identificaram dois tipos distintos de divagação: o espontâneo, caracterizado pela dispersão descontrolada, e o deliberado, no qual o indivíduo conscientemente permite que sua mente vagueie em busca de novas conexões.
E é justamente nesse segundo tipo que a criatividade floresce.
De acordo com os resultados, pessoas com TDAH tendem a apresentar níveis mais altos de divagação deliberada, permitindo que explorem caminhos mentais não convencionais e encontrem soluções originais para problemas cotidianos.
Além desse aspecto, outras características associadas ao TDAH também podem impulsionar a criatividade — como o pensamento associativo, que conecta ideias de forma inesperada; o hiperfoco, que permite concentração intensa em temas de interesse; e a resiliência, que ajuda na adaptação a desafios e frustrações.
Os pesquisadores sugerem que essas descobertas abrem espaço para uma nova abordagem no tratamento do TDAH. Estratégias terapêuticas que incluam técnicas de “mindfulness” podem ajudar a transformar a divagação espontânea em uma forma mais consciente e produtiva, reduzindo prejuízos e potencializando os aspectos positivos do transtorno.
Mais do que um desafio, o TDAH pode esconder um potente motor de criatividade e inovação — basta aprender a canalizá-lo na direção certa.
