Entre cachoeiras, lago azul, águas termais e memórias coloniais, Niquelândia revela um patrimônio cultural e ambiental que surpreende os visitantes.
Goiás é um estado repleto de tesouros escondidos — e Niquelândia é, sem dúvida, um deles. Localizada a cerca de 300 km de Goiânia, a cidade abriga cenários naturais impressionantes, tradições centenárias e um patrimônio histórico que remete aos primeiros ciclos de exploração mineral do país.
Com cerca de 45 mil habitantes (IBGE/2017), Niquelândia é o maior município de Goiás em extensão territorial e um dos mais antigos. Fundada em 1735 pelos bandeirantes Manuel Rodrigues Tomar e Antônio de Sousa Bastos, que partiram de Pirenópolis em busca de ouro e outras riquezas, a cidade nasceu entre serras e rios que hoje compõem a região do Vale da Serra da Mesa e Cana Brava — uma das mais belas do Centro-Oeste.

A economia local cresceu com base na mineração, especialmente do níquel, minério que deu nome ao município. Outras riquezas também foram exploradas ao longo da história: ouro, cobre, ferro, manganês, quartzo, calcário, diamante, mármore e até minerais radioativos, como o urânio. Apesar dessa vocação mineradora, o turismo vem ganhando força, atraindo visitantes interessados em natureza, cultura e tranquilidade.
Patrimônio histórico e cultural
Niquelândia guarda marcas do período colonial, com casarões e igrejas que remontam ao século XVIII. Um dos pontos mais emblemáticos é o Centro de Cultura Senador José Ermínio de Moraes, uma casa centenária em estilo barroco colonial, aberta para visitação com acervo histórico sobre o ciclo do ouro e a escravidão.

O antigo distrito de Trairás (ou Tupiraçaba), considerado o primeiro núcleo de ocupação, chegou a ser uma das vilas mais desenvolvidas de Goiás — e até foi, por um dia, capital do Império Brasileiro. A história da cidade é marcada por personagens, lendas e tradições que se misturam à religiosidade local, refletida na Igreja Matriz de São José do Tocantins, erguida às margens do Rio Bacalhau.
Natureza e turismo
Quem visita Niquelândia encontra uma rica combinação de natureza exuberante e espiritualidade. As cachoeiras, grutas, águas termais e poços cristalinos fazem parte dos roteiros que encantam viajantes em busca de descanso e aventura.

Entre os destinos mais procurados está o Lago Azul de Niquelândia, uma paisagem deslumbrante que parece saída de um filme. Formado pela dissolução natural de rochas calcárias há mais de um bilhão de anos, o lago impressiona pela coloração intensa e profundidade.

No subsolo, cavernas conhecidas como dolinas revelam um fenômeno geológico raro, e há quem diga que o lago “não tem fim”. Moradores contam lendas de que âncoras lançadas com centenas de metros de corda nunca tocaram o fundo.
O Lago Azul está a 42 km do centro de Niquelândia, com acesso pela GO-237 e uma breve trilha de cerca de 100 metros até a borda. O local é ideal para contemplação e mergulho recreativo, sempre com acompanhamento de guias e equipamentos de segurança. O acesso é gratuito e o funcionamento vai das 8h às 17h, exceto em feriados.
Tesouro goiano a ser preservado
Mais que um destino turístico, Niquelândia representa um retrato do Brasil profundo — de fé, belezas naturais e histórias que resistem ao tempo. Com potencial para se tornar um dos polos de turismo histórico e ecológico do estado, a cidade desperta cada vez mais interesse de viajantes, pesquisadores e amantes do cerrado.
Visitar Niquelândia é conhecer um pedaço vivo da história de Goiás — onde natureza e cultura se encontram em perfeita harmonia.