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Cometa ‘imprevisível’ faz NASA acionar protocolo contra ameaças espaciais

Agência norte-americana mobiliza equipes e inicia simulações diante do comportamento anômalo do cometa 31/ATLAS, detectado por telescópio no Chile.

A Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (NASA) acionou nesta semana o seu protocolo de defesa planetária, após identificar comportamentos incomuns no cometa 31/ATLAS, detectado originalmente pela Rede Internacional de Alerta de Asteroides (IAWN). O alerta técnico foi formalizado no boletim MPEC (2025-U142), emitido pelo Minor Planet Center de Harvard, e levantou preocupações entre cientistas sobre as anomalias observadas no objeto.

De acordo com o comunicado da agência, uma força-tarefa internacional realizará um exercício especial entre 27 de novembro de 2025 e 27 de janeiro de 2026, com o objetivo de testar procedimentos de resposta e aprimorar os cálculos sobre o comportamento do fenômeno. Essas simulações fazem parte das ações do programa de Defesa Planetária, que monitora possíveis ameaças vindas do espaço, como asteroides e cometas que cruzam a vizinhança da Terra.

“Corpos cometários são sistemas extensos e de comportamento variável. Suas medições costumam ser baseadas no brilho central, o que torna difícil determinar sua posição exata”, explicou a NASA em nota.

A IAWN destacou que o 31/ATLAS apresenta “desafios únicos” para projeções de trajetória, devido à sua emissão de gás e poeira em padrões irregulares, o que afeta a precisão dos cálculos.

Harvard e NASA reforçam cooperação científica

O Minor Planet Center (MPC), que funciona sob supervisão da União Astronômica Internacional (IAU) e recebe financiamento direto da NASA, anunciou a realização de um workshop internacional sobre técnicas de astrometria de cometas, buscando aprimorar as medições e evitar interpretações equivocadas sobre objetos de origem interestelar.

A iniciativa reunirá observatórios da América, Europa e Ásia, e deve gerar novas bases de dados para análise de corpos que não pertencem originalmente ao Sistema Solar — uma categoria ainda rara e pouco compreendida.

O cometa interestelar que desafia expectativas

O telescópio ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert Survey System), localizado em Río Hurtado, no Chile, foi responsável pela descoberta, em 1º de julho de 2025, de um objeto de origem interestelar com dimensões estimadas entre 20 e 30 quilômetros: o cometa 3I/ATLAS.

Estudos iniciais sugerem que seu núcleo rochoso tem cerca de 5,6 km de diâmetro e massa superior a 33 bilhões de toneladas, o que o torna um dos corpos mais massivos do tipo já registrados. Atualmente, ele está a mais de 670 milhões de quilômetros do Sol, viajando a uma velocidade aproximada de 61 km por segundo.

Pesquisadores do Instituto de Astrofísica de Canarias (IAC) colaboram com outras instituições para compreender sua composição química, dinâmica e possíveis impactos científicos de sua passagem. Segundo o renomado astrofísico Avi Loeb, o 3I/ATLAS “pode fornecer pistas sobre a formação de sistemas planetários em outras galáxias”.

Entenda o que é o “protocolo de defesa planetária”

Criado em 2016, o Planetary Defense Coordination Office (PDCO) da NASA é o setor responsável por monitorar, rastrear e avaliar riscos de impacto de corpos celestes próximos à Terra. Quando há detecção de comportamentos anômalos — como os observados no cometa 31/ATLAS —, a agência ativa simulações para avaliar cenários de risco e coordenar respostas com outras instituições internacionais.

Ainda não há qualquer indício de ameaça direta à Terra, mas o caso reacendeu o debate sobre a necessidade de vigilância constante de objetos próximos e sobre os limites da previsão orbital diante de fenômenos tão imprevisíveis quanto os cometas interestelares.

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