Da Ghama, ex-integrante do Cidade Negra, rebate alteração na letra do clássico e explica o verdadeiro sentido da canção
Uma das canções mais conhecidas do reggae brasileiro voltou ao centro das discussões nas redes sociais após uma recente apresentação de Toni Garrido, ex-vocalista do Cidade Negra. Durante o programa Altas Horas, exibido no último sábado (4), o cantor alterou parte da letra de “Girassol”, sucesso lançado pela banda em 2002, justificando a mudança como uma tentativa de corrigir o que chamou de “trecho machista”.
Na nova versão apresentada ao público, Toni canta:
“Já que, pra ser homem, tem que ter a grandeza de uma menina, de uma mulher.”
O verso original, que marcou gerações, dizia:
“Já que, pra ser homem, tem que ter a grandeza de um menino.”
Ao justificar a mudança, Garrido afirmou que a frase original soava “hétero, machista, top, horrível”. A fala dividiu opiniões entre fãs e antigos integrantes da banda.
Entre os que não concordaram com a alteração está Da Ghama, guitarrista, cofundador do Cidade Negra e coautor da música. Em vídeo publicado em seu perfil no Instagram, o músico disse ter se sentido “altamente desrespeitado” com a mudança feita sem sua autorização.
“A ideia básica de colocar ‘a grandeza do homem na pureza de um menino’ traduz o sentimento de fazer crítica aos homens que fazem guerra. É um hino que traz luz para pensamentos obscuros, incentiva a positividade. Agora, coisa machista? Longe disso”, afirmou Da Ghama.
O compositor também explicou o contexto simbólico do trecho original:
“Quando se fala do menino, a gente está falando do homem que precisa reencontrar a humildade, a doçura, a pureza. Essa é a mensagem. Não tem nada a ver com machismo, e sim com humanidade.”
A música “Girassol” foi lançada em 2002 no álbum Acústico MTV Cidade Negra, e rapidamente se tornou um hino da positividade e da paz — marcando presença em trilhas sonoras, rádios e apresentações ao vivo por todo o país. Atualmente, é a canção mais popular da banda no Spotify, com mais de 100 milhões de reproduções.
Nas redes, muitos fãs reagiram ao debate, destacando que a canção ultrapassa gerações por sua mensagem universal de esperança. Outros, porém, defenderam o direito de Toni Garrido reinterpretar sua própria obra em um novo contexto social.
Independentemente da polêmica, “Girassol” segue firme como uma das músicas mais simbólicas da MPB e do reggae nacional — agora reacendendo discussões sobre autoria, liberdade artística e os significados que as letras ganham com o tempo.