Descoberta abre novas possibilidades para o tratamento da doença, que afeta mais de 35 milhões de pessoas no mundo.
Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade de Barcelona anunciaram um avanço promissor no combate à doença de Alzheimer. Por meio do uso de nanopartículas inteligentes, a equipe conseguiu reverter os principais sintomas da doença em camundongos de laboratório, restaurando funções cognitivas e reduzindo significativamente os danos cerebrais causados pela enfermidade.
As nanopartículas desenvolvidas são compostas por moléculas capazes de cruzar a barreira hematoencefálica — uma das maiores dificuldades no tratamento de doenças neurológicas — e entregar diretamente ao cérebro substâncias que estimulam a regeneração dos neurônios e a remoção de placas de beta-amiloide, uma das principais causas do Alzheimer.
Nos experimentos, camundongos com sintomas semelhantes aos da doença humana apresentaram melhora significativa na memória, aprendizado e orientação espacial após o tratamento. Em alguns casos, os cientistas observaram quase total reversão dos danos cognitivos.
“Os resultados são animadores e indicam que estamos no caminho certo para transformar o Alzheimer em uma condição tratável e, quem sabe, reversível no futuro”, afirmou a neurocientista espanhola María García, uma das coordenadoras do estudo.
Os testes foram realizados ao longo de 18 meses e publicados na revista científica Advanced Science, reconhecida internacionalmente por sua contribuição à nanotecnologia e à medicina regenerativa.
Apesar do avanço, os pesquisadores ressaltam que ainda há um longo caminho até que o tratamento chegue aos seres humanos. Novos estudos clínicos deverão avaliar a segurança e eficácia do método em estágios mais avançados.
A doença de Alzheimer, que atualmente não tem cura, afeta cerca de 1,7 milhão de brasileiros e mais de 35 milhões de pessoas no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Para os especialistas, o uso de nanotecnologia no combate às doenças neurodegenerativas pode representar uma revolução na medicina moderna, abrindo portas para tratamentos mais precisos, menos invasivos e com maior chance de sucesso.