Avanço é resultado de estratégia integrada do SUS e reforça papel do Brasil como referência mundial em saúde pública
O Brasil atingiu um marco histórico: há dez anos não são registrados casos de raiva humana transmitida por cães no País. A conquista é fruto de uma estratégia integrada do Sistema Único de Saúde (SUS), que combina vacinação em massa de cães e gatos, distribuição gratuita de vacinas e soros antirrábicos para humanos e animais, além de uma vigilância epidemiológica fortalecida e resposta rápida a focos da doença.
Entre 2023 e 2025, o Ministério da Saúde investiu cerca de R$ 231 milhões por ano em imunização, garantindo a continuidade das ações preventivas. O último caso da doença foi registrado em 2015, no Mato Grosso do Sul, próximo à fronteira com a Bolívia. Dois anos antes, em 2013, houve ocorrência no Maranhão. Desde então, nenhum novo registro foi identificado.
Reconhecimento internacional
De acordo com a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Mariângela Simão, o feito será formalizado junto à Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2026, por meio da entrega de um dossiê que pode validar a eliminação da doença em todo o território nacional.
“É com muito orgulho que celebramos 10 anos sem casos de raiva humana transmitida por cães em nosso País. Enquanto o mundo ainda registra cerca de 60 mil mortes anuais, o Brasil se tornou referência global. Esse é um resultado histórico, fruto do trabalho incansável dos profissionais do SUS e da estratégia ‘Uma Só Saúde’, que protege pessoas e animais”, destacou Simão.
Histórico e avanços
O combate à raiva nas Américas remonta à criação do Programa Regional de Eliminação da Raiva, da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em 1983. Desde então, os casos na região caíram 98%, passando de cerca de 300 registros naquele ano para apenas três em 2024.
No Brasil, o compromisso com a saúde pública consolidou avanços importantes, e até 2026 o País deve entregar à OPAS/OMS o Dossiê de Eliminação da Raiva Humana Transmitida por Cães, reunindo mais de uma década de evidências epidemiológicas. Caso seja aprovado, o Brasil será o segundo país das Américas a conquistar o reconhecimento, depois do México.
Novos desafios
Apesar do marco, especialistas reforçam a necessidade de vigilância contínua contra outros reservatórios da doença, como morcegos e primatas não humanos. Globalmente, a raiva transmitida por cães ainda é uma ameaça: milhares de mortes continuam sendo registradas, sobretudo na Ásia e na África.
Uma Só Saúde
O conceito de “Uma Só Saúde” (One Health) norteia a estratégia brasileira. A abordagem reconhece a conexão entre saúde humana, animal, vegetal e ambiental, incentivando a cooperação entre diferentes setores para enfrentar desafios globais, como pandemias, resistência microbiana e mudanças climáticas.
Com essa perspectiva integrada, o Brasil fortalece sua posição no cenário internacional e mostra que a prevenção de zoonoses é um caminho essencial para proteger a vida em todas as suas dimensões.
