Cientistas alertam para a drástica redução de insetos nas últimas décadas — e o fenômeno pode estar mais perto do que você imagina
Quem viajava de carro nos anos 2000 lembra bem: bastava pegar estrada e o para-brisa logo ficava coberto de insetos. Era comum parar para limpar joaninhas, besouros e borboletas. Hoje, é possível rodar centenas de quilômetros com o vidro praticamente limpo.
O que aconteceu?
Essa pergunta vem sendo feita em diferentes partes do mundo. E a resposta é preocupante.
Na Alemanha, um estudo conduzido pela Sociedade Entomológica de Krefeld apontou uma queda de 75% na abundância de insetos voadores em reservas naturais ao longo de 27 anos. A pesquisa foi publicada em 2017 na revista científica PLOS One e acendeu o alerta.
Por mais pequenos que sejam, os insetos são fundamentais para a vida na Terra. Eles polinizam, reciclam matéria orgânica, controlam pragas e alimentam outras espécies. Sua presença (ou ausência) é um dos principais termômetros da saúde ambiental, pois atuam como bioindicadores da qualidade dos ecossistemas.
A redução drástica de insetos provoca a chamada cascata trófica: a teia alimentar se desequilibra, espécies desaparecem, outras se multiplicam sem controle, e o ecossistema entra em colapso. Isso pode afetar diretamente a produção de alimentos e a qualidade de vida humana.
E o que está por trás dessa queda?
Mudanças climáticas, aumento das temperaturas, uso excessivo de pesticidas e herbicidas, urbanização acelerada e destruição de áreas verdes — todos fatores ligados às nossas escolhas.
Hoje, milhões de espécies de insetos sequer foram catalogadas pela ciência. E muitas podem desaparecer antes mesmo de serem conhecidas.
O sumiço dos insetos do para-brisa não é apenas uma coincidência… é um sinal.